NASCEU NOSSO FILHO

Demorei 5 meses para engravidar e isso não era uma coisa normal em Viçosa. Naquela época a mulher deveria ter a função de casar e imediatamente engravidar e começas a “ninhada” de filhos. Como eu evitava, pois ainda não possuíamos situação financeira estável, eu era objeto de comentários maldosos tais como: esse casal não vai dar certo, nem engravidar conseguem ..e dai por diante.

Só quando vimos que conseguiríamos cuidar de uma criança é que engravidei, de forma planejada, causando surpresa nas fofoqueiras de plantão.

Uma coisa interessante durante a minha gravidez é que quando eu ia a igreja, enjoava e passava mal e quando ia ao cinema ou a alguma festa era só felicidade, gerando também comentários do tipo: pra rezar passa mal, pra festar tudo é carnaval.

E chegou o dia.

No dia 10 de março de 1960 a madrugada chegou com uma chuva de tirar pica-pau do oco. Já passa da duas horas da manha quando vieram as dores do parto. Meu irmão Geraldo Magela, que também morava comigo na casa de meu outro irmão Luiz Cabral, foi na chuva até a praça chamar um táxi para me levar ao. hospital. O táxi chegou e na hora de entrar, devido a chuva, o motor do carro morreu e todos, marido, irmão, taxistas e eu em trabalho de parto tivemos que ajudar para o carro pegar no tranco. Quase que o guri nasce dentro da viatura.

A criança nasceu perfeita e no dia seguinte eu já estava em casa para cumprir o que chamavam de “resguardo”.

Puerpério, também chamado resguardo ou quarentena, é o nome dado à fase pós-parto em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas. Este é o período de tempo que decorre desde a dequitadura até que os órgãos reprodutores da mãe retornem ao seu estado pré-gravídico. Nesta fase, a mulher é chamada de puerpera.

Nas Minas Gerais daquela época, devido à escassez de antibióticos e anti-inflamatórios, era recomendado à mulher que ficasse em um quarto com pouco luz e comendo uma dieta básica de canja de galinha durante 40 dias, estando ou não com sintomas de qualquer enfermidade. Na roça era recomendado um pano na cabeça.

Eu não segui essa quarentena porque não sentia nada de errado comigo e em poucos dias retornei às rotinas domésticas, o que gerou também comentários do tipo: essa daí não sossega o facho nem no resguardo.

Eram tempos complicados, mas a determinação nos fez caminhar para frente.

No final daquele ano aconteceu a formatura de meu marido como engenheiro agrônomo na melhor universidade de agronomia da America latina. João Bosco Nazareno recebeu o diploma e antes do final da cerimônia, foi chamado novamente pra receber uma medalha de ouro em honra ao mérito em extensão.

Estava começando a se cumprir o meu destino. Era hora de partir e juntos tomar o leme definitivo de nossas vidas e construir uma nova história, que continuarei contando neste blog.

João Bosco Nazareno Filho (Bosquinho)
Medalha de honra ao mérito em extensão
Medalha de honra ao mérito em extensão

Maternidade à época.
O dia da formatura